O ensino de língua portuguesa vem tomando nova forma. Basta ver o tipo
de questões abordadas em avaliações nacionais importantes para comprovar isso. Todos
os olhos estão voltados para as competências e habilidades adquiridas na
escola. A reflexão e a crítica ganham espaço nas salas de aula. A gramática internalizada
do aluno é valorizada e ampliada através da gramática reflexiva e de uso. Essa
nova visão de ensino da língua materna exige, pois, algumas mudanças.
O professor, antes detentor e transmissor do saber, passa a ser o
facilitador da aprendizagem, o desafiador; e o aluno de sujeito passivo passa a
sujeito interativo e ativo no seu processo de construção de conhecimento.
A gramática normativa cede espaço à gramática internalizada do aluno,
o que requer mudanças na didática e metodologia do professor. O objetivo da
escola não é formar gramáticos, mas cidadãos críticos e ativos na sociedade;
para tanto é fundamental que o professor contribua para o desenvolvimento da
competência comunicativa do discente, tendo o texto oral e escrito como base
para o ensino da gramática, valorizando nesses a competência lingüística do
aluno.
Pensando nessa nova perspectiva de ensino da gramática proponho aulas
que trabalhem com os elementos coesivos, que nada mais é do que o uso da gramática
em prol do desenvolvimento da competência comunicativa do aluno.
Num primeiro momento faz-se a leitura do texto “circuito fechado”, de
Ricardo Ramos. Texto entregue a todos. Logo após, lança-se a pergunta: “O que
vocês entenderam do texto? Sobre o que fala? É possível identificar os
elementos presentes no texto? Personagem? Espaço? Tempo? Ação? Que tipo de
texto é esse? Qual o gênero utilizado pelo autor? Como é a estrutura do texto?
Quantas classes de palavras ele utilizou? Há conectivos entre as frases e os
parágrafos? O texto faz sentido? Ele possui coerência? E coesão?
Esse seria o momento de abordar a função dos recursos de coesão no
texto, bem como apresentar alguns exemplos de conectivo e explicar que embora o
autor tenha lançado mão desses, são eles que fazem a costura das frases, que
possibilitam a formação de um texto como unidade de sentido. Importante
ressaltar aqui a diferença do texto literário para o texto usado para a comunicação
diária.
Feitas as devidas observações sobre o texto de Ricardo Ramos, é hora
de propor ao aluno que reescreva o texto usando verbos, adjetivos, advérbios,
conjunções, preposições, enfim, todas as classes de palavras que ele achar
necessária para costurar o texto; mantendo os elementos da narrativa e a ordem
cronológica dos acontecimentos.
Seria interessante pedir ao aluno que acrescentasse:
- o nome do personagem
- suas características físicas e psicológicas
- um conflito
- um clímax
- um desfecho
Material extra: Textos com o uso de conectivos bastante evidentes
ajudariam na compreensão da coesão textual, assim como textos com os mesmos
elementos coesivos, porém sem coerência; colocariam em evidência a importância
do uso correto do conectivo para o sentido do texto.